quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A bunda da vez

Sempre que se pretende implementar uma nova lei surge um debate proporcionalmente polêmico as mudanças que ela irá trazer. Eu entendo que a reação mais comum a esse tipo de transformação seja a rejeição e, muitas das vezes, não conseguimos, ou apenas não nos interessamos em raciocinar além desse primeiro contato. Somos bundas conformistas. Não gostamos de trocar as cadeiras nas quais repousamos diariamente e nem sabemos se existem possibilidades melhores para nós.

Resolvi ir pelo caminho do debate proporcionalmente polêmico. Na verdade, sou uma bunda indecisa e, nesses momentos, levantar questões acerca do projeto de lei do senador Eduardo Azeredo pode me ajudar a formar a minha opinião.

Tá certo que a Internet ajudou demais na democratização da informação, mas não podemos confundir “democratização” com “popularização”. Não quero discutir os problemas econômicos do Brasil por causa de uma lei que quer controlar o acesso dos usuários (até porque a conexão entre os dois temas é meio longínqua), mas fato é que a rede ainda não é espaço popular e, portanto, uma ação difusora no sentido de sanar essa questão devia ser efetivada antes de se pensar no seu controle.

Mas já que o caso é outro, vamos pensar um pouco no samba-do-crioulo-doido que é a internet. A sua existência se justifica porque realmente encurtou distâncias (e até orçamentos, se formos pensar como é mais barato conversar com alguém no Japão pelo MSN do que pelo telefone) e, até certos limites, permite o acesso dos seus usuários a qualquer informação que entrar em seus domínios e ainda que possamos participar ativamente desse mundo online difundindo informações sobre nós mesmos. Já que é assim, somos todos donos da Internet, certo? Se todo mundo é dono, então, na verdade, ela não é de ninguém, não é? A Internet é uma terra de ninguém; uma terra sem lei.

Então, eu acho que não é o caso de ser tão radical a respeito da lei proposta pelo senador. Felizmente ou infelizmente, as pessoas precisam de leis para saber seus limites e, levando a moral das relações cara-a-cara para as interações virtuais é fácil perceber que há uma grande diferença no tratamento ético dispensado à segunda. Eu concordo com Lady Marphy quando diz que “não consegue ver as coisas de uma forma unilateral e acredita que sem leis e regras, não é possível conviver em sociedade.”

Sinceramente, eu até acho que da forma como a lei foi formulada pode se sentir um certo tom de censura (e devido ao nosso passado de ditadura, tudo cheira a censura). Eu acredito que ela não trata da totalidade das nuances da rede e subestima nossos intelingentíssimos hackers. Mas, convenhamos que alguma coisa tem que ser feita a respeito dos crimes virtuais, pois eles afetam o mundo real! A internet não pode servir de blindagem para pessoas que têm vontade de cometer crimes.

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